domingo, 31 de março de 2013

Resgate da História da Vila Cerrito



A ideia de se fazer um  resgate da história da Vila Cerrito resultou de uma conversa de Edilson Pereira da Silva e Rosineide Alves Ferreira, proprietários do Restaurante La Ville  - vide foto acima -  comigo, no começo  de 2012,  após terem realizado a reforma e a ampliação instalações físicas do mesmo. 

Com o estabelecimento reformado, Edilson e Rose, se viram  diante de um novo contexto, e  avaliaram que a reabertura do Restaurante deveria ser feita de forma  festiva e marcante,tendo uma preocupação não apenas comercial, mas também, cultural e histórica. 
Em conversa mantida com o seu comigo e minha esposa Josefa da Silva - sua cunhada -  sobre o que fazer para a reinauguração é que surgiu a ideia  de se fazer o resgate  da história da Vila Serrito, já que alguns dos seus fundadores e pioneiros, ainda estão vivos e residem na própria Vila, dentre eles, os senhores Ranulpfo, Aristides,  Gumercindo,  Seo João Vicente,Elvira Marques do AmaralRosana Espíndola das Neves, além da colaboração dos senhoresAlkindar e José Tibiriçá,  estes dois últimos,embora não morem na Vila, pertencem à famílias  fundadoras,portanto,  primeiras moradoras da Vila Cerrito. 
Eu e minha esopos e Josefa, mais tarde se tornaram administradores do Restaurante, cabendo a  mim também, a tarefa de conduzir os trabalhos de reconstituição da história da Vila Serrito. E a medida que a história foi sendo reconstituída ficou evidente o acerto da iniciativa, em virtude de a mesma ser conhecida  quase que na sua plenitude apenas de forma oral, exceção feita. Na forma escrita existem apenas  alguns artigos, de autoria do advogado e lavrador José Tibiriçá, em diversos jornais da cidade.
Fazer este resgate se revelou muito oportuno e necessário porque a Vila Cerrito está perdendo a sua identidade, ou seja, cada vez mais vem sendo conhecida como Cidade Universitária, em virtude de localizar nas imediações  da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul(UEMS).
Com esta iniciativa, os proprietários do Restaurante La Ville, demonstram que enquanto empresários não tem como preocupação tão somente  a obtenção de lucros, mas também, a de contribuir para o bem estar e a elevação da autoestima de seus moradores, deste que provavelmente é o povoado mais antigo de Dourados, porém, ironicamente, não adquiriu a condição de Distrito.

Restaurante La Ville, antes da Reforma


 Restaurante La Ville, após a reforma


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Nesta foto da esquerda para a direita:
Edilson Pereira da Silva, Josefa da Silva Ferreira, Rosineide Alves (Rose)  proprietários e administradores do Restaurante. Em pé Daniel e Isabela.
Esta foto retrata um dos momentos em que discutiam como deveriam  administrar o Restaurante a partir de 2013.

ORIGEM DA VILA CERRITO




Alkindar Matos Rocha, filho do Seo Nhonho, um cidadão muito querido em nossa Cidade. Alkindar, inclusive,  foi agraciado pela Câmara Municipal como Cidadão Douradense.
É tsmbém  presidente de honra da Família Mattos

Para entender a história da Vila Cerrito é necessário retrocedermos à década de 1930 e fazermos um resgate histórico de um personagem muito especial, o Sr. Francisco de Matos Pereira , o qual, nesta época tomou posse de uma grande área de terras devolutas na região, na qual  localiza-se Vila Cerrito.
O Seo Alkindar Matos Rocha, neto do mesmo revelou que, naquele período histórico, quem desejasse ter terras em Dourados, não precisava comprá-las; bastava, tão somente que, delas se apossasse, e depois, com um pouco de paciência, e mediante o pagamento de uma taxa ao governo estadual, sediado em Cuiabá, as legalizasse. Esta legalização, além do pagamento de taxas, exigia dos interessados se deslocarem até Cuiabá (capital do Mato Grosso, que naquele momento, incluía o atual Estado de Mato Grosso do Sul). Estes deslocamentos e exigências se constituíram, certamente – o grifo é nosso - em impedimento para posseiros de menor poder aquisitivo, legalizarem suas respectivas posses.
 Em 1935 – auge do ciclo da Erva Mate no Estado de Mato Grosso - os ervais, estavam localizados nas terras, que atualmente pertencem ao Estado de Mato Grosso do Sul - até 1977 fazia parte do Estado de Mato Grossoeste produto, era  base da economia do sul de Mato Grosso-  o Sr. Francisco de Matos, plantou 2.000 pés de Erva Mate, a partir do Chacorru, local onde construiu a sede da sua propriedade e no qual, existe até os dias de hoje, parte dos citados ervais. No Chacorru construiu também um barbaquá para o preparo da erva mate.
Com a morte do Sr. Francisco Matos, estas terras, já legalizadas




Antônio Alves Rocha (Seo Nhonho)
Primeiro comerciante da Vila Cerrito.
Nhonho,atuou como
mensageiro do Exército  Constitucionalista (veja foto ao lado), movimento armado,que eclodiu  em 1932, sob a liderança  do Estado de São Paulo, na esperança de fazer que a Constituição Brasileira fosse respeitada por Getúlio Vargas.
Embora, o movimento não tenha sido vitorioso no combate, do ponto de vista moral, o foi do ponto de vista moral, tendo em vista que Getúlio Vargas, em 1932, fez uma nova Constituição para o País, como estratégia para ter governabilidade e acalmar os constitucionalistas.
 É oportuno lembrar que o Sul do Estado de Mato Grosso, aderiu ao movimento, tendo sido nomeado por São Paulo, o Sr.Julio Mascarenhas como governo do mesmo, e qual se declarou desmembrado do Estado de Mato Grosso, autodenominando-se Estado de Maracaju, situação que se sustentou por dois meses.

foram herdadas pelos seus filhos, dentre eles, o Sr. Antonio Alves Rocha ( o Nhonho), que diga-se de passagem, se estabeleceu com a Casa Comercial Cerrito  (bolicho), no ano de 1938. Isto explica o porque  desta Vila ser  denominada de Cerrito. Neste bolicho era comercializado de tudo (alimentos, cachaça, fumo de corda e até o Puitâ - rolo de tecido, colorido, aliás um artigo produzido no Paraguai). Seo Nhonho, visando atrair mais fregueses para o seu comércio, construiu também uma Cancha nas imediações do bolicho.
Nhonho era farmacêutico, e em seu bolicho, também medicava e vendia remédios, receitados por ele próprio.
Além de comerciante e farmacêutico, foi funcionário público do Sistema de Proteção ao Índio (SPI), equivalente a atual FUNAI,
Nhonho, conforme informações prestadas pelo seu filho, Alkindar Matos Rocha, fez parte das forças constitucionalistas (movimento liderado pelo Estado de São Paulo, o qual exigiu, no ano de 1932, que Getúlio Vargas respeitasse a Constituição Brasileira.
Ainda de acordo com Alkindar, Seo Nhonho,  trabalhou como funcionário no Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Por ser funcionário deste órgão, morou muitos anos, na missão indígena – onde funciona um hospital e uma escola religiosa – a qual, desde aquela época, é mantida graças a uma ação da igreja presbiteriana.
 Alkindar revelou que, ele próprio, além de ter nascido na Missão, morou muitos anos lá, com Seo Nhonho (seu pai), e que por conta disso, tem um bom entendimento da questão indígena
. Alkindar nos informou que as áreas onde estão localizadas atualmente a UFGD, a UEMS, o Aeroporto Francisco, foram doadas pelos descendentes de de Francisco Matos foram doadas, dentre os doadores, destacou o seu tio e ex-prefeito de Dourados, Antonio Carvalho: 

Seo Gumercindo, o Borracheiro


Seo Gumercindo, um cidadão tranquilo e boa prosa

Gumercindo Francisco de Oliveira, se estabeleceu na Vila Cerrito, em 1996, e desde então mora na mesma. Ele é proprietário da Borracharia e a  Lanchonetezinha Oliveira. Enquanto ele cuida da borracharia,  sua esposa Darlei Nazaret, toma conta  da lanchonete.
Observação: após da duplicação da Avenida Guaicurus, a lanchonetezinha foi desativada, e a borracharia passou por uma modernização.
Família de Seo Gumeercindo. Da esquerda para direita:
Andréia (Filha), Gustavinho (fillho) e Darley (esposa)


Em sua borracharia troca pneus e remenda câmaras de ar de carros, maquinário agrícola e até de aviões, uma vez que o aeroporto municipal, dista de sua borracharia, cerca de 500 metros. Também faz fretes com uma camioneta, além de explorar um sítio.
Antes trabalhava na zona rural como capataz, cuidando de gado. É muito popular e conhecido na Vila..
 
                                
Borracharia do Seo Gumercindo, vista externa
A borracharia, do Seo Gumercindo está situada na margem esquerda da Rodovia Guaicarus,sentido Dourados/Itahum, a 50 metros do trevo que dá acesso à cidade Universitária e aos distritos de Picadinha e de Itahum. 

Este é  o Tarley, cunhado do Seo Gumercindo, 
 permanece o tempo todo na borracharia.

Seo Aristides, um dos pioneiros da Vila Cerrito



             
 Seo Aristides, m sua rede, contou um pouco da história da Vila Serrito

Aristides Rodrigues de Melo, 91 anos, casado com Rosana Espíndola das Neves, pai de 9 filhos, desde a década de 1980 reside na Vila Cerrito.

Nesta Vila exerceu o ofício de sapateiro e selaria (oficina de concerto de celas, arreios, carroças, cabrestos, etc), além de ter  sido proprietário de um bolicho, do qual sua esposa (Dona Rosana) tomava conta.

                                          
Seo Aristides em uma rede e ao fundo a máquina de costura utilizada por ele
na selaria

Seo Aristides relatou que quando chegou a Vila, havia uma meia dúzia de casas, e que, na verdade a sua freguesia, era constituída de pessoas que moravam nas fazendas, e que por possuir a selaria, lavradores e peões o procuravam para fazer concerto destes equipamentos e também tomar uma “cachacinha” (pinga) em seu bolicho.
Seo Aristides disse que fez muitos serviços pelo sistema denominado de fiado (forma de pagamento, em que a pessoa se compromete a pagar depois), porém, muitos, por serem  velhacos (mal pagadores) não o pagaram. Ele disse que, se recebesse todos fiados, conseguiria uma boa grana. Apesar de tudo, não guarda rancor. Pelo contrário, conta este história de forma bem humorada.
As queixas dele e da esposa estão relacionadas com o descaso dos governantes com a Vila, os quais, apesar dos inúmeros pedidos, nunca construíram sequer um obstáculo na Rodovia Guaicurus, no perímetro urbano da Vila.
Observação: depois da duplicação da Avenida Guaicurus foi construído.

                           
 Frente do Bolicho de Seo Aristides.

Para Seo Aristides, aposentado desde 1993, a selaria e  o bolicho são páginas viradas, apenas objeto de lembrança, e que de agora em diante, quer mesmo, é descansar, haja vista, ter trabalhado duro ao longo de sua vidas.
Sobre a cancha, Dona Rosana e o Seo Aristides, falaram que ela foi construída pelo Sr. Antonio Alves Rocha, (Seo Nhonhô), o primeiro comerciante da Vila Cerrito,e, que participaram de muitas atividades e festas,realizadas na mesma, para as quais – acrescentam - vinha gente das fazendas e da Cidade de Dourados e que as moças se arrumavam muito bem e que as festas eram marcadas por um clima de muito respeito, ou seja, muita brincadeira e alegria, porém, de forma sadia.

 Seo Aristides e a sua esposa, Dona Rosana

SEO RANULFO, HÁ MAIS DE MEIO SÉCULO MORANDO NA VILA CERRITO

Seo Ranulfo,  sentado em uma rede instalada em duas das várias árvores
                                         existentes ao redor de sua casa
Ranulfo Rodrigues, 86 anos, aposentado, pai de 04 filhos, duas vezes casado, primeiramente com Donária Dalva Moraes Rodrigues (falecida); depois de muitos anos, na condição de viúvo, casou-se pela segunda vez, com Elvira Marques do Amaral.
Residindo na Vila Cerrito, há cerca de 55 anos, Seo Ranulfo, há alguns anos atrás, “tocava” um bolicho, empreendimento que não se revelou lucrativo, razão pela qual, desistiu do mesmo.
Seo Ranulfo, conheceu sim, o Seo Nhonho, o primeiro comerciante e fundador da Vila Cerrito, bem como Abílio Ferreira, o seu guarda-livros (contador); conheceu também os donos posteriores desta Casa Comercial, os senhores Juca de Matos (segundo dono) e  Onofre Pereira de Mattos (o terceiro dono).
Segundo ele, a área em que está localizada a Vila Cerrito, outrora fora toda ocupada por plantações de erva mate. Aliás nas imediações de sua residência, ainda existem dois pés desta planta - testemunhos vivos do tempo em que este produto se constituiu no “ouro verde” para o Município de Dourados e o Sul do Estado de Mato Grosso. A erva mate, em meados do Séc. XX, fora o pilar da economia desta região, sendo o maior comerciante deste produto, a Cia Mate Laranjeira.
Porém, existem relatos dando conta de que este produto também fora cultivado por produtores independentes, como por exemplo, o Seo Francisco de Matos, o qual segundo informações de um de seus filhos, Seo Alkindar, em meados da década de 1930, plantara 2.000 mil pés de erva mate, na região, na qual  a Vila Cerrito está inclusa.

Um dos pés de erva mate, ao lado da casa de Seo Ranulpho,
 remanescentes dos ervais outrora plantados na Vila.

Feito estes parênteses, voltemos ao Seo Ranulpho, o qual em sua alegre prosa, revelou que outrora organizava muitos bailes, em sua casa. Estes bailes, lembra Seo Ranulfo eram animados com sanfona e violão e felizmente - acrescentou - nunca teve problemas (brigas, mortes, etc.).,
Seo Ranulfo afirmou que apesar de muito difícil, considera-se um homem muito feliz e tem grande amor pela Vila Cerrito; alguns de seus filhos e netos, residem na mesma atualmente.
Lamenta, apenas, a pouca atenção dos governantes para com a Vila, mas acredita que as coisas vão mudar para melhor. Que é amigo de todo mundo na Vila, aliás, quase todos os moradores da mesma são seus parentes.
Seo Ranulpho estudou apenas 04 meses, mas nesse tempo, aprendeu a ler, e com o conhecimento adquirido conseguiu sobreviver. Acrescentou que as coisas atualmente são muito diferentes, haja vista, existirem duas universidades públicas (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal da Grande Dourados) e o Aeroporto Municipal, localizados muito próximos à Vila, o que facilita para as pessoas estudo e trabalho, ele, próprio trabalhou como vigia na UFGD..
A casa de Seo Ranulfo sempre está muito animada, já que filhos, netos e amigos, constantemente o visitam. Ele demonstrou estar de bem com a vida e otimista com a Vila Cerrito.






Dona Elvira Marques, segunda esposa do Seo Ranulpho.


Moita de bambu, plantada por Seo Ranulpho, 
há cerca de 50 anos atrás na Vila Serrito


sábado, 30 de março de 2013

FAMÍLIA TIBIRIÇÁ, A GUARDIÃ DA VILA CERRITO

 A Casa comercial Cerrito - naquela época  denominada popularmente de bolicho-  foi a primeira a existir na Vila Cerrito, tendo como  primeiro proprietário, Antônio Alves Rocha (Seo Nhonho) e por guarda livro (contador) o Sr. Abílio Ferreira, pai do advogado e lavrador, José Tibiriçá.
Em artigo que escrevera sobre a Vila Cerrito, e publicado no Jornal Virtual, DouradosNews, Jose Tibiriçá, assim se expressou: “ No ano de 1938 meu pai Abílio Ferreira, já falecido e minha mãe Jahyr Martins Ferreira, hoje com mais de 93 anos, moraram primeiramente no Cerrito e somente em 1940, se mudaram para a Picadinha”... Meu pai ali trabalhou, era seu guarda-livros e do lado direito morava dona Celestina Pedroso, cujo filho, João Pedroso, é proprietário da Chácara São João, lado direito do trevo. Como vizinhos tem os netos de João Gomes, alguns membros da família Fonseca como o Assis, cuja família outrora ali fora numerosa e a família Amaral, cujos descendentes, em sua maioria vivem na Vila Matos e Aurora e outros bairros da cidade de Dourados.”...!


Abílio Ferreira, o Guarda Livro da
 Casa Cerrito
A Casa Cerrito posteriormente foi vendida ao Sr. José de Matos Pereira, (conhecido por Juca de Matos), um dos proprietários da Fazenda Azulão naquela região. Hoje alguns de seus descendentes e parentes ainda são proprietários de terras na região, dentre eles, a dona Zaida o Geremias (Queijo), o Ademir (Chacorru) e José Carlos Cimatti Pereira.”
Alguns anos depois, Antonio Rocha (Seo Nhonho) se estabeleceu com a Farmácia Galeano, na cidade de Dourados, a qual, atualmente não existe mais. Porém, o Seo Nhonho estava determinado a atuar no ramo farmacêutico, e estabeleceu-se mais  uma vez com a Farmácia Popular, esta sim,aberta até os dias de hoje, diga-se de passagem a mais antiga farmácia do Município em atividade.
José Tibiriçá, cuja família integra o grupo de primeiros moradores da Vila Cerrito, tem vínculo afetivo muito forte com a Vila.
Eis a razão do  porquê Tibiriçá estar travando de forma obstinada, uma grande luta, cujo objetivo é o de impedir que a Vila perca a sua identidade, tendo em vista que, pelo fato de terem sido instaladas nas suas imediações, as Universidades Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e a Federal da Grande Dourados (UFGD), muitos já a denominam de a Cidade Universitária.
José Tibiriçá, já publicou diversos artigos, explicando, o porque de a Vila ser denominada de Cerrito, qual seja, em meados do século XX, ali trabalhavam muitos paraguaios como ervateiros, e pelo fato de existirem Cerros (pequenos morros), o lugar passou a ser denominado de Cerrito, escrito com C, já que a palavra é de origem espanhola e escrita com a letra C.
Além da luta pela identidade da Vila, Tibiriçá tem participado de outras lutas que visam trazer melhorias nas condições de vida da população lá residente, tais como: ampliação da Rodovia Guaicurus, colocação de quebra-molas e de ponto de ônibus circular.
Interessante é que tanto Abílio Ferreira (o pai), e Tibiriçá (filho de Abílio), o primeiro na condição de guarda livro da Casa Cerrito, e o segundo de morador na região se caracterizaram por tratarem com muita abnegação e carinho dos interesses, respectivamente da Casa e da Vila Cerrito, por isso mesmo, se constituíram em guardiões das da Vila.
Demonstraram ao longo de suas vidas, com exemplos concretos, o que é sentimento de pertencimento e de gratidão a um lugar.


Leia, Vila Cerrito, por José Tibiriçá

Artigo publicado no Jornal Virtual Douradosnews,  02/09/2011 12h02, redigido por José Tibiriçá
Este artigo é uma das tantas contribuições de José Tibiriçá com a Vila Cerrito.Tibiriçá tem sido incansável em sua luta para que esta Vila receba a devida atenção das autoridades e da sociedade douradense

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Todos os dias presenciamos milhares de universitários, alguns de carro, de vans, de motocicleta, bicicleta, de ônibus se deslocarem em direção à VILA CERRITO, percorrendo a rodovia Guaicurus, nome em homenagem aos índios pantaneiros que combateram na guerra da tríplice aliança, cuja participação foi importantíssima para derrotar a força paraguaia.
O progresso é muito importante, mas muitas vezes obscurece o passado e o tempo se encarrega de olvidá-lo. É o caso do lugar chamado inicialmente de dois portões, portão do Onofre até ser batizado definitivamente de CERRITO, devido aos cerros, pequenos acidentes geográficos próximos da região. Como a região era habitada por muitos paraguaios que trabalhavam no cultivo da erva mate, na derrubada da mata para a exploração da madeira, única mão-de-obra profissional nesse manejo, a região passou a ser chamada de Cerrito, com C, por influência da língua espanhola. Hoje é uma vila bastante progressista, que se iniciana curva da antiga pedreira douradense, passando pelas Sementes Guerra até onde estão instaladas as duas universidades, os quartéis, o centro de tradição gaúcha, a Escola Municipal Albano José de Almeida, o cemitério da família Pedroso e o dos luteranos.
No ano de 1938 meu pai Abílio Ferreira, já falecido e minha mãe Jahyr Martins Ferreira, hoje com mais de 93 anos moraram primeiramente no Cerrito, somente em 1940 se mudado para a Picadinha. Na década de 30 existiauma casa de comércio do lado esquerdo, onde está funcionando hoje uma borracharia, cuja nome era Casa Cerrito, de propriedade do Sr. Antonio Alves Rocha (Seo nhonhô), fundador da farmácia Popular em 1949. Meu pai ali trabalhou, era seu guarda-livros e do lado direito morava dona Celestina Pedroso, cujo filho João Pedroso é proprietário da Chácara São João do lado direito do trevo. Como vizinhos temos netos de João Gomes, alguns membros da família Fonseca como o Assis, cuja família outrora ali era numerosa, como a família Amaral, cujos descendentes na maioria vivem na Vila Matos e Aurora e outros bairros da cidade de Dourados.
A casa Cerrito foi posteriormente vendida ao Sr. José de Matos Pereira, conhecido por Juca de Matos, um dos proprietários da Fazenda Azulão naquela região. Hoje alguns de seus descendentes e parentes ainda são proprietários na região como a dona Zaida, Geremias (queijo), Ademir (chacurru), José Carlos Cimatti Pereira. Com o tempo foi construído o Aeroporto Municipal Francisco de Matos Pereira, os quartéis, o CTG, a empresa Sementes Guerra, duas universidades, uma federal a UFGD e a outra estadual, UEMS, mudando assim a região. Em 1978 foi construído o asfalto Dourados-Vila Cerrito - Picadinha – Placa do Abadio até chegar no Itahum.
Chegou a lavoura mecanizada, cuja região é um polo de grande desenvolvimento, tanto na pecuária, agricultura e ultimamente na plantação dos canaviais e implantação de usina, próximo à região do Peroba.
A Vila Cerrito hoje tem ar de uma pequena cidade satélite de Dourados, devido ao movimento na parte da manhã, meio dia e no final da tarde, em virtude do fluxo enorme de universitários que entram e saem nos finais de expediente, Lá existem muitos funcionários públicos que trabalham nas universidades, outros que são empregados terceirizados. O local já possui muitos bares, lanchonetes, a borracharia do Gumercindo. Lá vive o Sr.
Aristides, com quase 90 anos com sua família, cuidando da sua sapataria e fazendo os consertos de arreios, buçais. Ao lado do aeroporto mora também Seo Ranulfo com idade também avançada, pessoas que viram o progresso chegar e deram sua contribuição com o trabalho.
Muitos eventos tem acontecido no Cerrito, tendo a população da nossa cidade estado presente, tanto no CTG, como nas apresentações da força aérea no aeroporto, nas festividades militarese nas palestras que são proferidas nas duas universidades.
Tudo isso que narrei tem uma finalidade principal de divulgar a VILA CERRITO, uma vez que nossos dirigentes do poder público omitem o seu nome. A maioria dos estudantes universitários que ali frequentam são de fora, como o corpo docente e muitos funcionários. Se perguntarmos a muitos deles qual o nome daquele lugar, eles não sabem e quando dissemos Vila Cerrito, eles estranham, pois não existe nenhuma placa de identificação.
Quem vem de fora não tem a obrigação de saber, assim vão chamando de cidade universitária, vila aeroporto, tudo errado. É culpa de quem? Dos nossos governantes, dos nossos vereadores e de nós douradenses que devemos estar vigilantes, onde está a atuação dos componentes do Centro Cívico 20 de Dezembro?
Certa vez levantei a questão do trecho de quase 10 km de terra da universidades/aeroporto em direção à rodovia 463, Dourados/Ponta Porã/Campo Grande, uma vergonha, afinal já disseram que consta como asfaltado e pode ser até verdade, pois é comum isso acontecer no Brasil e também em nosso Município, visto que iniciaram a Perimetral Norte, pagaram parte dela e agora estão construindo o Anel Aviário na mesma direção com outro nome.

José Tibiriçá, um lutador para que a Vila continue
Sendo denominada de Cerrito

No último artigo que escrevi, sugeri que o trecho de estrada ao ser asfaltado fosse nominado de João Gomes, um udenista exemplar e parece que vai pegar, pois o nosso vereador Albino Mendes em um dos seus pleitos na Câmara Municipal a chamou de estrada João Gomes. Seria uma homenagem justa a um ex-funcionário municipal que veio da região de Garrucha-RS, ali viveu muitos anos, foi comerciante, criou sua família e deixou muitos descendentes em nosso município.
Ontem participei do debate sobre a mudança do perímetro urbano da nossa cidade, várias autoridades estavam presentes, quando reivindiquei a delimitação do perímetro urbano do Distrito da Picadinha, distante do Cerrito cerca de 3 km, pois muitas coisas deixam de lá acontecer por este motivo. Esses debates são muito importantes, pois podemos apresentar sugestões e ficarmos a par do que acontece no município. Sugeri ao Presidente da Câmara que reivindicasse ao poder público estadual que identificasse a Vila Cerrito, bem como solicitasse ao Prefeito Municipal que tomasse providência com relação delimitação do perímetro urbano da sede do Distrito de Picadinha.
José Tibiriçá Martins Ferreira, advogado, pequeno produtor rural na Picadinha e secretário geral da comissão provisória do PSD em Dourados.