terça-feira, 7 de outubro de 2014

POR UMA PRÁTICA SINDICALISTA CLASSISTA

*Enio Ribeiro de Oliveira

No dia 03 de novembro elegeremos a nova direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Dourados (SIMTED). A chapa 01 (Compromisso e Luta) tem como candidata a professora Jane Gleice, e, na qual eu estou concorrendo  para ocupar a pasta de formação sindical.
Por conta disso, neste artigo, farei uma reflexão a respeito do que está em jogo nestas eleições, bem como sobre o trabalho que deve ser realizada pela pasta de formação sindical.
Primeiramente quero dizer que estão inscritas três chapas, porém, as chapas 02 e 03, tem concepções diferentes sobre como conduzir o SIMTED. Neste artigo refletirei sobre a concepção de sindicalismo sustentada pela  chapa 01.
Partimos do pressuposto de que sindicato deve ser independente em relação ao empregador, no nosso caso, a prefeitura e ao governo do Estado. A ação sindical deve partir do entendimento de que as nossas conquistas sindicais só ocorrerão mais intensamente se tivermos clareza de que estamos numa luta de classes, onde as administrações públicas (municipal,estadual e federal), embora, eleitas pelo povo, são reféns do estado burguês. Isto implica compreender que os governantes, normalmente, só atendem as nossas reivindicações quando submetidos a grandes pressões e fortes mobilizações dos trabalhadores em educação.
Os dirigentes para terem os trabalhadores bem mobilizados e dispostos a entrarem resolutos na luta, precisam conduzir o SIMTED fazendo a disputa permanente de rumos, de orçamento, de aprofundamento da democracia participativa nos aspectos políticos e econômicos. Esta é a única forma de assegurar que os educadores visualizem os limites, possibilidades e desafios colocados para atingirem os objetivos desejados.
Aqui a reside a nossa maior divergência com as outras duas chapas e com a própria direção atual da FETEMS, pelo fato destas superestimarem o poder de negociações  de cúpula, isto é, entre as direções e comissões de negociação indicadas pelo sindicato para negociarem  junto aos governos do município ou do  estado. Estão a meu ver, equivocados por passarem a mensagem de que os trabalhadores em educação terão suas  conquistas obtidas como resultado  da ação de dirigentes e comissões habilidosos em negociar junto aos governos municipal e estadual, cabendo aos educadores, quase sempre, apenas trabalharem nas escolas, não sendo necessárias paralisações, passeatas, greves, etc, o que é o sonho de todos os educadores, porém, numa sociedade de classes, as conquistas resultam da capacidade de luta de cada classe social. Eu disse classe social e não apenas dos dirigentes.
Nós da chapa 01, entendemos que as negociações envolvendo tão somente a cúpula sindical – dirigentes e comissões - e os governantes - devem ocorrer, porém, sob intensa mobilização da categoria seja na forma de debates, mobilizações, greves, etc., tendo em vista que às políticas e os recursos públicos são disputados pelos diferentes atores sociais (empresários, trabalhadores, comerciantes,etc). Logo àqueles atores sociais que tiverem maior poder de pressão levam a melhor.
O que estou a dizer é que os dirigentes sindicais precisam exercer os seus respectivos mandatos educando os educadores que as melhoras que buscamos nos aspectos salariais,  condições de trabalho e qualidade na educação, as obteremos somente através de lutas e mobilizações que envolvam toda a categoria e não apenas através das articulações e da capacidade negociação de nossos dirigentes.
Outro aspecto importante é qualificarmos a forma como fazemos a disputa de recursos financeiros. Sou da opinião de que precisamos contratar uma assessoria de tributaristas no sindicato que possa nos subsidiar nas negociações junto aos governantes, os quais apresentam números maquiados como estratégia para justificarem o não pagamento de melhores salários, oferecimento de melhores condições de trabalho e dotar as escolas da necessária infra-estrutura e assim viabilizarem um ensino de melhor qualidade.
Formação Sindical
Com relação a pasta de formação sindical eu penso que precisamos ser ousados e tentar desenvolver uma ação unificada com os demais sindicatos existentes em Dourados e região, a qual,  passa pela realização de reuniões, debates, fóruns, produção de documentos, publicação de artigos na imprensa, etc.,contemplando as bandeiras de lutas comuns a todos os sindicatos: saúde, educação, moradia, transporte, abastecimento popular, economia solidária.
Porque defendo esta ação? Por que toda vez que existem eventos realizados pelas Prefeituras, Governos Estadual e Federal e instituições (universidades, escolas, igrejas,etc) na forma de fóruns, conferências, seminários, audiências públicas, congressos, etc., os sindicatos não apresentam uma proposta consolidada do movimento sindical. Normalmente o que ocorre, no desespero ou no desejo de salvar a imagem do movimento sindical é um dirigente de forma voluntarista apresentar propostas que mesmo sendo boas, não se viabilizam, exatamente por não terem sido construídas e consolidadas pelos sindicatos.
 Entendo que o movimento sindical de Dourados e região deve permanentemente desenvolver debates, discussões, encontros, congressos e formular políticas públicas (reivindicações e sugestões).
Convicto de que este é o rumo, uma vez eleita a nossa chapa, o meu compromisso como responsável pela formação sindical é promover diversos encontros intersindicais, constituir coletivos de duração intersindicais e permanente da saúde, educação, transporte, habitação, economia solidária, meio ambiente, etc, que possam permanentemente estarem formulandoe atualizando as nossas propostas  junto ao poder público, as empresas e a sociedade .
Me empenharei a frente desta pasta para que estas discussões sejam estimuladas na imprensa e nas redes sociais na forma de artigos, mensagens e comentários; realização de debates e divulgação das propostas já consolidadas pelo movimento sindical junto às escolas, movimentos estudantil e sindical ,etc. Assim as consolidaremos junto à sociedade e teremos a força política necessária para forçar os governantes incorporá-las nos seus planos e ações de governo.
Concomitantemente teremos uma prática sindical em que o sindicato vai além da luta corporativista que é a defesa somente dos interesses dos trabalhadores em educação. Precisamos ser capazes de ao mesmo que lutamos por objetivos específicos dos educadores, contribuirmos  para avanços e conquistas para toda a classe trabalhadora e a sociedade.
*Professor de geografia da rede estadual de educação, Escola Menodora, candidato pela chapa 01 para a pasta de Formação Sindical.