sábado, 5 de junho de 2021

CULTUAR OU NÃO O CAMARADA PRESTES, SEM DÚVIDA, O DILEMA DO PCB NO INÍCIO DOS ANOS 1980!!!

Em Dourados, fundamos o Partido Comunista Brasileiro, em 21 de Julho de 1981, por sinal uma noite fria. Reunião em que se fizeram presentes simpatizantes e militantes comunistas, antigos e jovens  e  foi conduzida por Gilberto Carvalho, um  velho militante do Partidão, desde os anos 1950.

Porém, um “bode” estava colocado em nossa sala. Me refiro a uma discussão que se fazia sobre o Luís Carlos Prestes, militante que desde os anos 1930 dedicou sua vida ao PCB. Naturalmente, existia muito respeito e, obviamente um culto ao camarada Prestes. Ele era um mito, não por acaso, já que inúmeros sacrifícios, eu diria, heroicos,        este camarada fez  em prol da causa comunista.

Ocorre que nos anos 1980, por conta, inclusive, da crise do socialismo real, parte dos camaradas do Partido Comunista Brasileiro, deram início a uma discussão sobre o quanto era prejudicial ao PCB o culto a personalidade de Prestes. Evidentemente que isto dividiu o Partidão. Muitos camaradas, valiosíssimos não concordaram em por fim ao culto ao camarada,Luís Carlos Prestes. Em Dourados, este debate era recorrente. Me lembro que por diversas vezes, o meu pai  (Epifânio Ribeiro), colocava o Luís Carlos Ribeiro (presidente do Coletivo Municipal do PCB em Dourados)  contra a Parede, e demonstrando indignação dizia: vocês não podem fazer o que estão fazendo com o Prestes. Isso é um erro histórico.

Este debate ocorreu ao longo de  vários meses no Periódico Semanal do PCB (Jornal A Voz da Unidade). Análises e mais análises eram feitas sobre a pertinência de estabelecer uma outra relação do Partidão com o câmara Prestes. O fato é que, Luís Carlos Prestes, descontente com esta siutação saiu do PCB e ingressou no PDT, então, sob a liderança de Brizola. Lembrando que Luís Carlos Prestes, contou sempre com o apoio incondicional do arquiteto Oscar Niemeyer, o qual, inclusive, bancava parte dos custos de Prestes.

O Partidão passou a ser dirigido por Giocondo Dias, ator já falecido. Foi um momento muito difícil porque a História do PCB até então não poderia ser pensada sem o camarada Luis Carlos Prestes. Confesso que, embora, fosse muito jovem, eu nutria grande admiração pelo Luís Carlos Prestes, e me incomodava muito esta posição que o PCB tomou em relação ao “Velho”, assim era chamado Luís Carlos Prestes. Porém, me mantive firme como militante do PCB. Mas, tenho dúvida, até os dias de hoje, se realmente era necessário ter assumido esta discussão e arcado com o ônus de, vamos assim dizer, “desprestigiar o Luís Carlos Prestes.