sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

04 SINDICALISTAS QUE FIZERAM MUITO POR DOURADOS E POR ISSO MERECEM O NOSSO RESPEITO,

  36 anos atrás, 10 de fevereiro de 1986,, ocorreu este trágico acidente, vitimando de forma fatal 04 sindicalistas. O acidente ocorreu nas imediações do Distrito de Anhandui, distante, cerca de 50 km de Campo Grande e abalou Dourados e o Estado do Mato Grosso do Sul, bem como o movimento sindical porque, perdia então, 04 sindicalistas muito atuantes, liderenças emergentes, todos ainda jovens. Eles eram a vanguarda e o que de melhor o movimento sindical oferecia naquela período histórico no processo de luta de redemocratização e de conquistas para os trabalhadores brasileiros. Eis os sindicalistas que forma vítimas neste acidente:

1) Antônio Francisco Sobrinho (popular Chiquinho – 39 anos), então Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Bancários da Região da Grande Dourados. Chiquinho iria, neste dia, assumir a Secretaria Estadual de Trabalho, sob o comando do governador Wilson Barbosa Martins, Estado de Mato Grosso do Sul (1º Mandato);

Observação: A Secretaria de Trabalho foi uma conquista do movimento sindical, o qual, apoiou o Wilson Barbosa Martins, aliás Wilson foi perseguido e teve o seu mandato cassado quando deputado por Mato Grosso do Sul pela ditadura militar. Wilson Barbosa Martins foi o primeiro governador eleito através da eleição direta (1982) para governador no Estado de Mato Grosso do Sul. 

Sendo assim a Secretaria Estadual do Trabalho foi um espaço conquistado pelo trabalhadores sul-mato-grossenses, no governo de Wilson Barbosa Martins, uma laboratório, por assim dizer, de políticas públicas a serem patrocinadas com o apoio governamental, invertendo, portanto, a lógica da ditadura militar. Desncessário dizer que as elites do Estado, não viam com bons olhos, este espaço conquistado pelos trabalhadores no governo de Wilson B. Martins,

2) José Mendes de Oliveira (28 anos), então Presidente do Sindicato Dos trabalhadores Rurais de Dourados;

3) José Josino Salgueiro, então Presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Dourados;

4) Edvaldo Francisco da Silva, então presidente do Sindicato dos Carregadores e Ensacadores de Café de Dourados. 

Eis uma homenagem feita pelo Sindicato dos Bancários a estes sindicalistas, em comemoração aos trintas anos de existência daquele Sindicato:


A morte destes 04 sindicalistas, diga-se de passagem foi uma perda muito grande para o movimento sindical douradense e do Estado de Mato Grosso do Sul. A luta pela redemocratização da sociedade brasileira e de conquistas pelos trabalhadores, é verdade continuou e continua até os dias atuais, mas, sem dúvida, se ressente com a perda de tão valorosos companheiros, mesmo decorridos 36 anos.

Estes compaheiros sabiam pensar a luta globalmente, porém, fazendo-a localmente, ou seja, atuavam sobremaneira visando a transformação da realidade social, econômica e política do Brasil, mas entendendo que as pessoas agem muito mais no cenário local, no caso deles no município de Dourado, mas simultanteamente global porque sintonizada e articulada com o cenário nacional e, por vezes, internacional.

Nos veículos de imprensa douradense vejam como repercutiu esta tragédia:






Contexto dos anos 1980

Para contextualizá-lo melhor, amigo leitor, na década de 1980 o Brasil estava caminhando em ritmo acelerado rumo a sua redemocratização. Várias bandeiras de luta estavam colocadas:
a) eleições diretas de presidente até vereador;
b) eleição de um Congresso Constituinte para reelaborar uma nova Constituição Federal (aprovada em 1988);
c) várias reformas: agrária, bancária, universitária, tributária, etc;

Desafio de ser sindicalista:
Pra que você amigo leitor tenha uma ideia, o Brasil, na década de 1980, ainda estava sob uma ditadura militar, embora, mais branda, a verdade é que, os sindicalistas, dentre eles, estes que foram vítimas deste acidente, não raro, após as várias ações que lideravam em seus respectivos sindicatos ou em prol de todo o movimento  sindical, uma vez terminados os eventos (passeatas, greves, entrevistas e outros), normalemnte quando estavam sozinhos eram abordados por agentes da repressão que procuravam intimidá-los, fazendo ameaças diversas aos mesmos, uma estratégia para enfraquecer a luta dos trabalhadores brasieiros.
Se partirmos desta premissa, poderemos ter a dimensão do trabalho realizado por estes valorosos sindicalistas. Em Dourados, neste período histórico, o sindicato que eles lideravam estavam compondo um grupo denominado de Unidade Sindical. Pra quem não sabe, havia duas grandes vertentes no movimento sindical brasileiro daquele período histórico: uma liderada pela Central Única dos Trabahadores (CUT) e outra pela  Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Os referidos sindicatos, formalmente não estavam ligados a nenhumas das duas vertentes, porém, eram mais simpáticos a CGT.

sábado, 5 de junho de 2021

CULTUAR OU NÃO O CAMARADA PRESTES, SEM DÚVIDA, O DILEMA DO PCB NO INÍCIO DOS ANOS 1980!!!

Em Dourados, fundamos o Partido Comunista Brasileiro, em 21 de Julho de 1981, por sinal uma noite fria. Reunião em que se fizeram presentes simpatizantes e militantes comunistas, antigos e jovens  e  foi conduzida por Gilberto Carvalho, um  velho militante do Partidão, desde os anos 1950.

Porém, um “bode” estava colocado em nossa sala. Me refiro a uma discussão que se fazia sobre o Luís Carlos Prestes, militante que desde os anos 1930 dedicou sua vida ao PCB. Naturalmente, existia muito respeito e, obviamente um culto ao camarada Prestes. Ele era um mito, não por acaso, já que inúmeros sacrifícios, eu diria, heroicos,        este camarada fez  em prol da causa comunista.

Ocorre que nos anos 1980, por conta, inclusive, da crise do socialismo real, parte dos camaradas do Partido Comunista Brasileiro, deram início a uma discussão sobre o quanto era prejudicial ao PCB o culto a personalidade de Prestes. Evidentemente que isto dividiu o Partidão. Muitos camaradas, valiosíssimos não concordaram em por fim ao culto ao camarada,Luís Carlos Prestes. Em Dourados, este debate era recorrente. Me lembro que por diversas vezes, o meu pai  (Epifânio Ribeiro), colocava o Luís Carlos Ribeiro (presidente do Coletivo Municipal do PCB em Dourados)  contra a Parede, e demonstrando indignação dizia: vocês não podem fazer o que estão fazendo com o Prestes. Isso é um erro histórico.

Este debate ocorreu ao longo de  vários meses no Periódico Semanal do PCB (Jornal A Voz da Unidade). Análises e mais análises eram feitas sobre a pertinência de estabelecer uma outra relação do Partidão com o câmara Prestes. O fato é que, Luís Carlos Prestes, descontente com esta siutação saiu do PCB e ingressou no PDT, então, sob a liderança de Brizola. Lembrando que Luís Carlos Prestes, contou sempre com o apoio incondicional do arquiteto Oscar Niemeyer, o qual, inclusive, bancava parte dos custos de Prestes.

O Partidão passou a ser dirigido por Giocondo Dias, ator já falecido. Foi um momento muito difícil porque a História do PCB até então não poderia ser pensada sem o camarada Luis Carlos Prestes. Confesso que, embora, fosse muito jovem, eu nutria grande admiração pelo Luís Carlos Prestes, e me incomodava muito esta posição que o PCB tomou em relação ao “Velho”, assim era chamado Luís Carlos Prestes. Porém, me mantive firme como militante do PCB. Mas, tenho dúvida, até os dias de hoje, se realmente era necessário ter assumido esta discussão e arcado com o ônus de, vamos assim dizer, “desprestigiar o Luís Carlos Prestes.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

COMUNISTA MELANCIA.

Por Enio Ribeiro

Nos anos 1980, em Dourados foi criada a Expressão : COMUNISTA MELANCIA. Designação dada àqueles camaradas que se assumiam comunistas apenas internamente, isto é, no PCB. Externamente, ninguém suspeitava que fossem comunistas.
Analogia: a melancia é verde externamente e vermelha internamente. Isto foi muito frequente com os camaradas que eram funcionários da Prefeitura, governada pelo PDS - Partido Democrático Social (ANTIGA ARENA - Aliança da Renovação Nacional), logo, Partidos da Ditadura Militar.
Foram muito importantes porque nos passaram informações importantes pra planejarmos nossas ações em contraposição as forças conservadoras.

OS COMUNISTAS x PT e UDE NOS ANOS 80

Por Enio Ribeiro de Oliveira 

Nesta página já fiz relatos diversos sobre o movimento estudantil douradense, na década de 1980, da qual, metade dela sob a direção dos comunistas.

Os comunistas se tornaram dirigentes da União Douradense de Estudantes em 1983, sofrendo oposição do Partido Democrático Social (PDS). O PDS era o Partido do Ditadura Militar que, embora enfraquecida, ainda dava as cartas nos destinos do País e em Dourados elegeu o Prefeito, Luiz Antônio e diversos vereadores.
Já o PMDB fazia oposição parcial a UDE, haja vista que, sendo muito mais uma Frente de Oposição a Ditadura Militar do que propriamente um partido, abrigava em seu seio democratas, teologia da libertação e comunistas.
Atuando no movimento estudantil, além dos comunistas, um outro Partido de Esquerda, o Partido dos Trabalhadores. O PT tinha sido criado recentemente, em 1980. Cito alguns dos petistas do referido período: os irmãos Onildo e Israel Lopes e Arcelei Bambil. O PT embora fosse de esquerda, divergia em muitos dos encaminhamentos dado a questão política e estudantil.
Sendo assim, uma vez terminada as reuniões, encontros, assembleias e congressos da UDE, ocorriam entre petistas e comunistas, nas quais, as discussões eram muito acaloradas. Os petistas nos rotulavam de "traidores" da classe operária. Na avaliação dos petistas precisávamos radicalizar no enfrentamento a Ditadura Militar. E nós avaliávamos que se adotássemos o radicalismo do PT, colocaríamos tudo a perder.
E neste ponto, aproveito para fazer uma relato de duas questões que foram muito polêmicas quando da realização do 1º Congresso Municipal pela União Douradense de Estudantes. no anfiteatro do então Centro Universitário de Dourados (CEUD/UFMS), em 1983.
Nós, os comunistas tínhamos a hegemonia no movimento, no entanto em duas questões, durante o Congresso, a diferença de votos foi apertadíssima, nós aprovamos as propostas defendidas pelos estudantes comunistas, mas por um placar muito a apertado, recorrendo a um jargão popular, ganhamos "com as calças nas mãos". Ei-las a seguir:
DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA
o tratamento a ser dado a dívida pública externa brasileira para comunistas seria a moratória unilateral e para os petistas o rompimento puro e simples da mesma.
Eu compus a mesa diretora do Congresso e coube a mim a ingrata função de cronometrar o tempo, o famoso 03 minutos para cada inscrito fazer a defesa de sua proposta.. A discussão estava tão quente que, ninguém se limitava aos 03 minutos. Então o presidente da mesma (o Macarrão), teve que desligar o som por diversas vezes para que o tempo de fala fosse respeitado. Imaginem os impropérios que ouvimos, especialmente, dos estudantes petistas;
JORNAL VOZ DO ESTUDANTE
a outra questão que dividiu os participantes do Congresso, foi o nome a ser dado ao jornal periódico da UDE. Os estudantes comunistas defendera que o nome do mesmo fosse: VOZ DO ESTUDANTE. Este nome nós o defendemos pelo fato de o Jornal Periódico do PCB, editado pelo PCB , mesmo sendo um partido llegal, nos anos 1980, ser denominado de: VOZ DA UNIDADE. Conseguimos aprovar o nome de Voz do Estudante.
Eu, particularmente, hoje avalio que podíamos ter sido mais sensatos e termos pensado um outro nome que não fosse vinculado a nenhum Partido. Mas o fato é que este nome foi aprovado. Os petistas defendiam um outro nome: CAMINHANDO. Aliás o nome Caminhando estava vinculado a uma tendência, então existente no PT, denominada de CAMINHANDO. Novamente as discussões foram quentes.
Felizmente, nas demais resoluções e encaminhamentos, a votação foi tranquila.
Em que pese tudo o que relatei nesta postagem, eu avalio que a participação dos petistas foi muito importante, qualificada e contribuiu para que nós, os comunistas e dirigentes da UDE, nos empenhássemos ao máximo para encaminhar o que foi aprovado no Congresso Estudantil. Não por acaso , em 1983, a UDE foi considerada uma das entidades mais combativas no Brasil.
Eis algumas das nossas ações:
1) Aliança Operária-Estudantil e por conta da qual passamos a participar de protestos, panfletagens e lutas sustentadas pelo movimento sindical em Dourados. Aliás, muitas e muitas vezes, fomos até as empresas e locais de trabalho conversar com os trabalhadores sobre o sindicato e a importância deles participarem. Nós os estudantes fomos decisivos na formação do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Dourados. Eu inclusive, quantas e quantas vezes visitei diversas construções em andamento, nas quais tive um dedo de prosa com os trabalhadores da construção civil expus pra eles o quanto era importante terem um sindicato da categoria. E graças a este nosso esforço, o sindicato foi criado.
2) Fizemos mobilizações e fechamos a Marcelino Pires contra o fechamento do Educandário Santo Antônio, escola que funcionava na Igreja Matriz Católica de Dourados. Se a memória não estiver sendo carrasca comigo, esta mobilização ocorreu em 1983;
3) Fizemos diversas manifestações contra a cobrança de mensalidades na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Queimamos carnês nos corredores da universidade. E fomos vitoriosos em nossa luta;
3) Intensificamos a luta pela criação dos grêmios livres. Até então existiam os centros cívicos, e nos quais, era obrigatória a presença de um professor para controlar os estudantes, o entulho autoritário da ditadura militar. Alguns anos depois foi aprovado em lei o grêmio estudantil, o qual é, dirigido só por estudantes, o que é o correto;
4) Nos posicionamos favoráveis a luta dos professores por melhores salários e aprovação do Plano de Cargos e Carreira;
5) Estivemos na organização e participando do movimento pelas Diretas Já;
6) Passamos a editar o Jornal Voz do Estudante;
7) organizamos protestos, atos públicos e pressionamos os vereadores da época, inclusive, ocupando a Câmara Municipal de Dourados para que aprovassem o meio passe estudantil, luta que foi vitoriosa;
E por aqui faço uma pausa. além dessas ações relatadas, outras igualmente importantes, ocorreram

sábado, 30 de janeiro de 2021

UM DOS ERROS DO PCB EM MATO GROSSO DO SUL

 Por Enio Ribeiro de Oliveira

A eleição de Wilson Barbosa Martins para governar o Estado de Mato Grosso do Sul, de 1983 a 1986, sem dúvida contribuiu bastante para a redemocratização do nosso Estado.

No governo de Wilson Martins,  nós, os dirigentes da União Douradense de Estudantes, a partir de 1983, passamos a ter franco acesso a rede estadual de escolas públicas. Em nossas visitas as escolas estaduais, os professores nos recebiam sorridentes e de braços abertos, além de permitirem que entrássemos nas salas de aulas e discutíssemos com os  alunos ações a serem desenvolvidas pela UDE. 

Por outro lado, na rede municipal, ocorria o contrário, já que o governo municipal era constituído por integrantes do Partido Democrático Social (PDS), defensores da então reinante, embora já enfraquecida, ditadura militar. E havia, na Secretaria Municipal de Educação, uma orientação aos professores, muito veiculada junto aos alunos no sentido de manterem-se distantes da UDE, caracterizada como subversiva e prejudicial ao bom andamento das atividades escolares na rede municipal.

Todavia, a "Lua de Mel" dos dirigentes da UDE com os professores da rede estadual de educação sofreu um duro golpe com a decisão do Coletivo Dirigente Estadual do Partido Comunista Brasileiro (MS) de apoiar a nomeação  pelo governador Wilson B. Martins para  Secretário de Educação de um advogado, o Dr. Leonardo Nunes da Cunha. A Federação dos Professores de Mato Grosso do Sul (FEPROSUL, atual FETEMS), se colocou contrária a esta nomeação porque queria como secretário de educação,  um professor.  

A fração Comunista Estudantil de Dourados - da qual eu era integrante, realizou uma reunião extraordinária e se posicionou contrária a nomeação do Dr. Leonardo para a Secretaria Estadual de Educação. A reunião foi realizada na casa de Atayde Nery (popular Júnior), sediada no BNH 4º Plano, Dourados. A decisão tomada pela Fração Comunista  Estudantil foi a de se colocar solidária à FEPROSUL. Aliás, o presidente da União Douradense de Estudantes, neste período, o João Carlos Torraca, o Macarrão, concedeu uma entrevista, no dia seguinte a TV Morena, hipotecando apoio a FEPROSUL.

Ocorre que 24 horas depois, a Direção Estadual do PCB, nos desautorizou e ainda nos passou aquele "sabão". Os comunistas ocupavam cargos no governo estadual, inclusive, de secretários. A meu ver, a direção estadual pesou os prós e contras, em relação a nomeação de Leonardo Nunes, e se alinhar ao governo foi considerado como a decisão mais pertinente. 

A partir deste momento, nós dirigentes da UDE, a maioria composta por militantes do PCB, passamos a ter o acesso dificultado pelos professores da rede estadual em salas de aulas das escolas da rede estadual de ensino e, em sendo assim,   dialogarmos e  mobilizarmos os estudantes ficou mais mais difícil.

O nosso relacionamento com a Associação Douradense de Professores (ADP), ficou menos amistoso, passamos a ser hostilizados, em alguns momentos e, cá entre nós, os professores estavam certos.

Este erro dos comunistas em avaliar a importância estratégica da nossa relação enquanto movimento estudantil com o movimento sindical dos educadores sul-mato-grossenses, contribuiu para que em 1986 perdêssemos as eleições para a direção da UDE, que passou a  partir deste ano a contar com dirigentes aliados aos governantes municipais - leia-se PDS. 

Também o contexto internacional contribuiu para o nosso desgaste, haja vista que em meados da década de 1980, Mikail Gorbachev, na ex-União Soviética protagonizava as reformas políticas e econômicas da ex-URSS, quais sejam,  a Glasnost e a Peristróika, visando a reformulação do socialismo e garantir  sobrevivência deste modo de produção naquele País . Estes dois fatos - o apoio dos comunistas ao Wilson B. Martins e as reformas na ex-URSS -, foram decisivos para que perdêssemos bastante credibilidade e apoio junto aos estudantes e professores.

Lamento muito o fato de até o presente momento, não ter havido uma autocrítica, por parte dos  camaradas e ex-camaradas do coletivo estadual sobre este deslize dos comunistas. O que me serve até certo ponto de consolo é que na Fração Comunista Estudantil Douradense, nós fomos coerentes ao se posicionarmos solidariamente à FEPROSUL.

ANOS 1980: Os comunistas e a UDE

Por Enio Ribeiro de Oliveira

Olá amigos internautas! Farei uma viagem de volta aos anos 1980, fazendo um relato de como os comunistas em Dourados tornaram-se dirigentes da União Douradense de Estudantes (UDE).
Em uma postagem anterior, nesta página, relatei que no dia 21 de Julho de 1981, criamos a primeira célula comunista em Dourados (Base 21 de Julho). Nesta reunião, um dos assuntos debatidos: como os comunistas deveriam atuar e inserirem-se no movimento estudanti?
O Luís Carlos Ribeiro, o qual conheci nesta reunião, nesta reunião mesmo, ao saber que eu era aluno no ensino médio, disse: "a tua tarefa será a de procurar participar no movimento estudantil e fazer a disputa na formulação de políticas públicas estudantis referenciadas na perspectiva dos comunistas X movimento estudantil.
Todavia, eu não era um militante do movimento comunista e nem estudantil, era isto sim, uma pessoa que gostava de digamos, uma “masturbação mental” discutir sobre o socialismo e capitalismo, haja vista que parte da minha família (parentes) nutria uma certa simpatia pelas propostas do Partido Comunista Brasileiro. E, confesso, eu fui a reunião por mera curiosidade, não tinha a intenção de me incorporar ao PCB, até porque estávamos ainda sob a ditadura militar e eu tinha medo.
Me limitei a fazer algumas conversas, muito tímidas, com alguns colegas que estudavam na mesma turma que eu na Escola Silva Melo (escola particular). E ficou nisso.
Todavia, em 1982, os comunistas que estavam abrigados sob a legenda do PMDB, haja vista que o PCB era ilegal, aproximaram-se de Clóvis de Oliveira, então filiado ao PMDB e que se lançou candidato a vereador em Dourados, em 1982. Desta aproximação com os comunistas, ocorreu que o Clóvis acabou ingressando no PCB, sendo o únic candidato comunista lançado pelo Partidão a vereador pelo PMDB, ano de 1982, no município de Dourados.
O Clóvis era presidente da União Douradense de Estudantes e, se afastou da presidência da UDE, pra poder ser o candidato comunista a vereador pelo PMDB em Dourados, assumindo em seu lugar o João Carlos Torraca, o Macarrão. O Clóvis, embora não tenha sido eleito, foi um candidato diferenciado dos demais, o que trouxe ganhos políticos para o PCB em Dourados. O que quero dizer, a sua candidatura permitiu que a sociedade douradense a percebesse como sendo diferente e mais a frente, a revelação para alguns de que o Clóvis era militante comunista, acabou por atrair outros estudantes bem como a ingressarem no PCB.
Terminada as eleições, o Clóvis de Oliveira por ter sido presidente da UDE, tornou-se uma peça chave para inserir o PCB no movimento estudantil. E o Clóvis foi muito feliz e eficiente, tanto é que, em 1983, o Macarrão que havia assumido a presidência da UDE, além de permanecer neste cargo, acabou por conta da influência exercida pelo Clóvis, sobre ele, tornando-se também um militante comunista.
Ao longo de 1983, o resultado foi que a UDE passou a ter uma atuação mais qualificada e combativa no movimento estudantil, por conta disso, vários estudantes se aproximaram do Clóvis e do Macarrão. Eu também acabei me tornando diretor de planejamento da UDE. Cito alguns outros nomes que ao mesmo tempo que militavam no movimento estudantil douradense, ingressaram no PCB. Carlos Amarilha (Mano), Mariones Azambuja, Francisco Chamorro, o Nicanor, o Altair (palhaço Paçoca), Anaurelino Ramos, Marcão, Adão Pereira, Silvia Paes, Atayde Nery, Milton Lima, Elizeu Bastos (o Brother), Pedro Alcântara, Jorge Ramos (o Vaticano) e outros.
Resumindo, 1983, foi o ano que o PCB realmente emplacou em Dourados e gradativamente foi aumentando a sua influência e presença não só no movimento estudantil, mas também no sindical e comunitário. Por hora, farei uma pausa. Em outras postagens relatarei, outros capítulos. Combinado?

domingo, 24 de janeiro de 2021

DOURADENSES, O MOMENTO PRA DEBATER O SUS QUE QUEREMOS, CHEGOU!!!!

Produzido por Enio Ribeiro

Reino Unido, Canadá, Dinamarca, Suécia, Espanha, Portugal e Cuba compõem o grupo de países detentores de sistema de saúde público e universal, sendo o Brasil, o único com população superior a 100 milhões de habitantes. Excetuando o Brasil, o mais populoso é o Reino Unido, com cerca de 66,4 milhões de pessoas.

Pelo fato de nosso País abranger uma população maior que os demais países estudados, devemos nos alegrar e nos orgulhar do Brasil. Todavia, e aí a "PORCA TORCE O RABO", o Brasil é o que investe menos proporcionalmente do seu PIB no Sistema de Saúde, quando comparado com os países relacionados acima.
Quando falo em defesa e fortalecimento do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS), quero dizer que devemos pressionar os governantes para que destinem percentual equivalente ao grupo de países citados acima. Claro que o fortalecimento do SUS não se reduz ao financiamento, outros desafios estão colocados: gestão, combate a corrupção, investimento em qualificação dos profissionais e em pesquisas, estreitar parcerias com as universidades existentes em Dourados.
Amigo douradense, sou geógrafo, e vou me valer da frase: "pensamos globalmente, porém, agimos localmente", ou seja, pelo fato de residirmos em Dourados, estaremos contribuindo para o fortalecimento e a prestação de melhores serviços pelo SUS, se agirmos em Dourados, pressionando os três poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo), claro, que com maior intensidade o Prefeito Alan Guedes e os vereadores eleitos e recentemente empossados, no sentido de que sejam transparentes na gestão dos recursos públicos destinados ao SUS, bem como dos recursos humanos e materiais.
Por outro lado, a sociedade douradense, também precisa sair do comodismo e deixar de ser conivente com as más práticas de gestão do sistema em nosso município. O primeiro passo é compreender como se dá a gestão, participar das disputas pela direção dos conselhos gestores das unidades básicas de saúde e do Conselho Municipal de Saúde e fomentar a debate e a formulação de políticas públicas de saúde para Dourados e região.
Digo região, haja vista que Dourados, sendo uma cidade polo na Região da Grande Dourados, muitos dos serviços demandados pelos demais municípios são oferecidos pelo SUS somente em Dourados.