sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

04 SINDICALISTAS QUE FIZERAM MUITO POR DOURADOS E POR ISSO MERECEM O NOSSO RESPEITO,

  36 anos atrás, 10 de fevereiro de 1986,, ocorreu este trágico acidente, vitimando de forma fatal 04 sindicalistas. O acidente ocorreu nas imediações do Distrito de Anhandui, distante, cerca de 50 km de Campo Grande e abalou Dourados e o Estado do Mato Grosso do Sul, bem como o movimento sindical porque, perdia então, 04 sindicalistas muito atuantes, liderenças emergentes, todos ainda jovens. Eles eram a vanguarda e o que de melhor o movimento sindical oferecia naquela período histórico no processo de luta de redemocratização e de conquistas para os trabalhadores brasileiros. Eis os sindicalistas que forma vítimas neste acidente:

1) Antônio Francisco Sobrinho (popular Chiquinho – 39 anos), então Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Bancários da Região da Grande Dourados. Chiquinho iria, neste dia, assumir a Secretaria Estadual de Trabalho, sob o comando do governador Wilson Barbosa Martins, Estado de Mato Grosso do Sul (1º Mandato);

Observação: A Secretaria de Trabalho foi uma conquista do movimento sindical, o qual, apoiou o Wilson Barbosa Martins, aliás Wilson foi perseguido e teve o seu mandato cassado quando deputado por Mato Grosso do Sul pela ditadura militar. Wilson Barbosa Martins foi o primeiro governador eleito através da eleição direta (1982) para governador no Estado de Mato Grosso do Sul. 

Sendo assim a Secretaria Estadual do Trabalho foi um espaço conquistado pelo trabalhadores sul-mato-grossenses, no governo de Wilson Barbosa Martins, uma laboratório, por assim dizer, de políticas públicas a serem patrocinadas com o apoio governamental, invertendo, portanto, a lógica da ditadura militar. Desncessário dizer que as elites do Estado, não viam com bons olhos, este espaço conquistado pelos trabalhadores no governo de Wilson B. Martins,

2) José Mendes de Oliveira (28 anos), então Presidente do Sindicato Dos trabalhadores Rurais de Dourados;

3) José Josino Salgueiro, então Presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Dourados;

4) Edvaldo Francisco da Silva, então presidente do Sindicato dos Carregadores e Ensacadores de Café de Dourados. 

Eis uma homenagem feita pelo Sindicato dos Bancários a estes sindicalistas, em comemoração aos trintas anos de existência daquele Sindicato:


A morte destes 04 sindicalistas, diga-se de passagem foi uma perda muito grande para o movimento sindical douradense e do Estado de Mato Grosso do Sul. A luta pela redemocratização da sociedade brasileira e de conquistas pelos trabalhadores, é verdade continuou e continua até os dias atuais, mas, sem dúvida, se ressente com a perda de tão valorosos companheiros, mesmo decorridos 36 anos.

Estes compaheiros sabiam pensar a luta globalmente, porém, fazendo-a localmente, ou seja, atuavam sobremaneira visando a transformação da realidade social, econômica e política do Brasil, mas entendendo que as pessoas agem muito mais no cenário local, no caso deles no município de Dourado, mas simultanteamente global porque sintonizada e articulada com o cenário nacional e, por vezes, internacional.

Nos veículos de imprensa douradense vejam como repercutiu esta tragédia:






Contexto dos anos 1980

Para contextualizá-lo melhor, amigo leitor, na década de 1980 o Brasil estava caminhando em ritmo acelerado rumo a sua redemocratização. Várias bandeiras de luta estavam colocadas:
a) eleições diretas de presidente até vereador;
b) eleição de um Congresso Constituinte para reelaborar uma nova Constituição Federal (aprovada em 1988);
c) várias reformas: agrária, bancária, universitária, tributária, etc;

Desafio de ser sindicalista:
Pra que você amigo leitor tenha uma ideia, o Brasil, na década de 1980, ainda estava sob uma ditadura militar, embora, mais branda, a verdade é que, os sindicalistas, dentre eles, estes que foram vítimas deste acidente, não raro, após as várias ações que lideravam em seus respectivos sindicatos ou em prol de todo o movimento  sindical, uma vez terminados os eventos (passeatas, greves, entrevistas e outros), normalemnte quando estavam sozinhos eram abordados por agentes da repressão que procuravam intimidá-los, fazendo ameaças diversas aos mesmos, uma estratégia para enfraquecer a luta dos trabalhadores brasieiros.
Se partirmos desta premissa, poderemos ter a dimensão do trabalho realizado por estes valorosos sindicalistas. Em Dourados, neste período histórico, o sindicato que eles lideravam estavam compondo um grupo denominado de Unidade Sindical. Pra quem não sabe, havia duas grandes vertentes no movimento sindical brasileiro daquele período histórico: uma liderada pela Central Única dos Trabahadores (CUT) e outra pela  Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Os referidos sindicatos, formalmente não estavam ligados a nenhumas das duas vertentes, porém, eram mais simpáticos a CGT.