sábado, 30 de janeiro de 2021

ANOS 1980: Os comunistas e a UDE

Por Enio Ribeiro de Oliveira

Olá amigos internautas! Farei uma viagem de volta aos anos 1980, fazendo um relato de como os comunistas em Dourados tornaram-se dirigentes da União Douradense de Estudantes (UDE).
Em uma postagem anterior, nesta página, relatei que no dia 21 de Julho de 1981, criamos a primeira célula comunista em Dourados (Base 21 de Julho). Nesta reunião, um dos assuntos debatidos: como os comunistas deveriam atuar e inserirem-se no movimento estudanti?
O Luís Carlos Ribeiro, o qual conheci nesta reunião, nesta reunião mesmo, ao saber que eu era aluno no ensino médio, disse: "a tua tarefa será a de procurar participar no movimento estudantil e fazer a disputa na formulação de políticas públicas estudantis referenciadas na perspectiva dos comunistas X movimento estudantil.
Todavia, eu não era um militante do movimento comunista e nem estudantil, era isto sim, uma pessoa que gostava de digamos, uma “masturbação mental” discutir sobre o socialismo e capitalismo, haja vista que parte da minha família (parentes) nutria uma certa simpatia pelas propostas do Partido Comunista Brasileiro. E, confesso, eu fui a reunião por mera curiosidade, não tinha a intenção de me incorporar ao PCB, até porque estávamos ainda sob a ditadura militar e eu tinha medo.
Me limitei a fazer algumas conversas, muito tímidas, com alguns colegas que estudavam na mesma turma que eu na Escola Silva Melo (escola particular). E ficou nisso.
Todavia, em 1982, os comunistas que estavam abrigados sob a legenda do PMDB, haja vista que o PCB era ilegal, aproximaram-se de Clóvis de Oliveira, então filiado ao PMDB e que se lançou candidato a vereador em Dourados, em 1982. Desta aproximação com os comunistas, ocorreu que o Clóvis acabou ingressando no PCB, sendo o únic candidato comunista lançado pelo Partidão a vereador pelo PMDB, ano de 1982, no município de Dourados.
O Clóvis era presidente da União Douradense de Estudantes e, se afastou da presidência da UDE, pra poder ser o candidato comunista a vereador pelo PMDB em Dourados, assumindo em seu lugar o João Carlos Torraca, o Macarrão. O Clóvis, embora não tenha sido eleito, foi um candidato diferenciado dos demais, o que trouxe ganhos políticos para o PCB em Dourados. O que quero dizer, a sua candidatura permitiu que a sociedade douradense a percebesse como sendo diferente e mais a frente, a revelação para alguns de que o Clóvis era militante comunista, acabou por atrair outros estudantes bem como a ingressarem no PCB.
Terminada as eleições, o Clóvis de Oliveira por ter sido presidente da UDE, tornou-se uma peça chave para inserir o PCB no movimento estudantil. E o Clóvis foi muito feliz e eficiente, tanto é que, em 1983, o Macarrão que havia assumido a presidência da UDE, além de permanecer neste cargo, acabou por conta da influência exercida pelo Clóvis, sobre ele, tornando-se também um militante comunista.
Ao longo de 1983, o resultado foi que a UDE passou a ter uma atuação mais qualificada e combativa no movimento estudantil, por conta disso, vários estudantes se aproximaram do Clóvis e do Macarrão. Eu também acabei me tornando diretor de planejamento da UDE. Cito alguns outros nomes que ao mesmo tempo que militavam no movimento estudantil douradense, ingressaram no PCB. Carlos Amarilha (Mano), Mariones Azambuja, Francisco Chamorro, o Nicanor, o Altair (palhaço Paçoca), Anaurelino Ramos, Marcão, Adão Pereira, Silvia Paes, Atayde Nery, Milton Lima, Elizeu Bastos (o Brother), Pedro Alcântara, Jorge Ramos (o Vaticano) e outros.
Resumindo, 1983, foi o ano que o PCB realmente emplacou em Dourados e gradativamente foi aumentando a sua influência e presença não só no movimento estudantil, mas também no sindical e comunitário. Por hora, farei uma pausa. Em outras postagens relatarei, outros capítulos. Combinado?

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